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quarta-feira, 30 de maio de 2018


E hoje acordo. É madrugada, é um dia normal como outro dia qualquer que tem sido estes últimos meses.
Mas começo a sentir os efeitos da medicação, e penso, como sempre, só penso, mas levanto-me, olho as tuas roupas no armário, choro. Lágrimas correm pelo meu rosto, penso... É hoje!
Hoje vou começar a minha despedida.
Tiro todas as tuas roupas do armário, escolho-as, lembro momentos, situações, e as lágrimas, lenta e alternadamente se transformam ora em sorrisos, ora em soluços.
E saem do armário para ficar em sacos, ali no mesmo sítio, ainda não é hora, não ainda não é hoje, preciso de mais tempo, a minha filha precisa do seu tempo, e só ela importa só a dor e o tempo de aceitação dela me importa.
Mas sinto que dei o primeiro passo.
Não! Só dei meio passo porque tudo ficou quase igual. Mas está a mudar, a mudança em mim está a acontecer e com isso vai mudando aos poucos .
A melhor parte dele ficou, e é dessa que tenho que cuidar, ela era o seu bem mais precioso e vai ter o tempo dela, sem pressas, a dor dela tem que ser cuidada e deixar a raiva passar, a falta de respostas, respostas que nunca vai ter, uma percepção que nunca vai ser entendida, nem esquecida, e por ela pelo tempo dela, tudo permanece no sitio, apenas noutro formato, numa outra adaptação.
Quem sabe amanhã...
Talvez amanhã seja o dia decisivo.
Talvez amanhã....

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