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quarta-feira, 16 de maio de 2018

Depois de ti




É quando tudo ainda parece um pesadelo, quando a dor é tanta que parece que todo o meu corpo vai explodir, a cabeça fica completamente oca e o coração completamente vazio.
Quando as noites são enormes e uns monstros que acordam dentro de mim e não me deixam pregar olho.
São assim os dias de quando a vida nos prega uma rasteira gigante, é assim que sentimos que o que apregoamos, mas nunca acreditamos que nos  vai acontecer, é isto que se passa quando tudo acaba no momento seguinte, e foi assim que descobri que o amanhã não existe mesmo.
Tem momentos em que me magoo-o com pensamentos sem volta, com atitudes sem retorno.
Tem momentos em que me mato a chorar porque as lágrimas caem sem pedir licença, a raiva, o ódio, em que tudo é tão passageiro, tão efêmero, tão fugaz, que a vida além de uma passagem, é algo que não controlamos, e sobretudo que nada é garantido, e quando temos a perfeita noção de que é assim, sentimos—nos inúteis, sem o poder de controlar, porque fazemos tudo correcto, alimentamo—nos bem, fazemos desporto, aproveitamos o tempo livre para  fazer algo que nos dá prazer e nos faz esquecer as loucuras desta vida corrida a que nos obrigamos diariamente, traços da sociedade, ou de nós mesmos, nesta ânsia de viver.
Momentos de uma raiva imensa, será que é mesmo Deus? Destino? Ou apenas e simplesmente um mistério, o maior mistério da humanidade.
E depois..., no meio de tanta dor, tanta dúvida, vem a raiva!
Ah..., uma raiva imensa, de mim mesma do que disse, do que ficou por dizer, de achar que amanhã concerto, peço desculpa, volto a dizer que amo.
Amanhã direi!
A raiva de ti, que foste assim, sem um até já, sem nunca dizer o que sentias, sem nunca falar o que te magoava, por vezes numa dor só tua, naquela em que te fechavas em ti e não deixavas nada nem ninguém entrar nesse teu mundo solitário.
Mas neste mistério imenso a que se chama viver, por vezes, a surpresa de um destino que não controlamos, e o mistério este mistério, que faz tudo acabar de um momento para o outro.
Não há mais tempo! Não há mais volta, apenas a raiva pelo que achamos ser injusto, afinal só sentimos isso, porque não sabemos, não sabemos que mistério é este a que chamamos viver.
Não sabemos que hoje pode ser o último olhar, não sabemos que o amanhã, já não vai existir para dizer mais nada, para pedir desculpa, para expressar, tudo o que não conseguimos, tudo de que tivemos medo de dizer, de sentir, de ferir e magoar, porque iríamos parecer ridículos, como se amar e expressar esse amor, fosse algo vergonhoso, poque depois diremos, depois...
E agora?
Já não há depois!
O amanhã não chegou para ti.
E isso transformou o nosso amanhã em nada.
Agora apenas lembraças, saudades, e uma tentativa dolorosa para esquecer as mágoas.
Não há mais volta a dar.
Agora já não tem mais concerto.
O Fim chegou para ti, para nós.

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