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sábado, 30 de junho de 2018


6:00h, mais uma madrugada a revirar na cama, e como todos os dias, choro.
Limpo as lágrimas, chega! É hoje!
Levanto-me, começo a arrumar tudo, objectos e alguns documentos em caixas, as roupas que já estavam separadas, umas dadas a alguém qu precisava, outras para instituições e outras para o sótão, sim, é mais um adiantamento, eu sei! mas é também um recomeço.
E começo a mudar tudo, a trocar, a limpar, á meses que nada me importa.
Por isso limpo as lágrimas, e hoje vence a razão,  balde de água, aspirador, panos de pó, é hoje!
 Vejo a tristeza em seu rosto, as lágrimas que disfarça, e no meu peito um aperto, uma dor lancinante, mas tem que ser desta vez! Engulo as minhas lágrimas, sufoco a minha dor, escondo a minha tristeza e continuo...
E a tentativa de aceitar, de tentar mudar, aparece em seus gestos, embora nos seus olhos não haja brilho e a tristeza seja imensa.
Começa a mudança do nosso espaço, móveis, cortinados, plantas.
A dor, a raiva a incompreensão, tudo isso continua, mas começa a chegar o tempo de aceitar.
Depois de muito trabalho, de muita coragem e dor, a nossa casa começa a ficar com outro ar, começa a entrar outra luz.
A tua presença continua cá, não foi por alterar tudo que deixamos de sofrer ou de sentir a tua falta, continuas em cada canto, continuas cá, mas a diferença, a luz que entra de outra forma, vai ajudar-nos a aceitar.
Porque nós precisamos continuar. Temos que continuar!
Este mistério a que chamamos viver vai continuar.
Ele fez parte das nossas vidas, e vai fazer sempre, em cada canto em cada palavra, em cada sorriso lembrado, em cada lágrima caída, em cada saudade revivida.
Mas ele não vai voltar.
Apenas nestes breves momentos em que o lembraremos, em que por coisas simples vemos o seu sorriso, nos momentos em que falamos dele, porque temos que falar, temos que sentir, e nesses momentos ele está conosco, e vai estar sempre, para sempre!
Mas ele não vai voltar mais.
E assim começamos a aceitar.

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