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quinta-feira, 7 de junho de 2018


Todos a minha volta me dizem, tens que parar, tens que seguir em frente.
- Eu sei, respondo. Mas tenho tempo, sabem... todos precisam de ter o seu tempo e é diferente para cada um de nós.
Ainda o quero aqui, pode até fazer-me mal, mas também faz bem, esta dor consome-me, mas também me alimenta, me ajuda a acreditar.
A minha filha precisa do tempo dela, não me venham com conselhos e frases feitas, não foi uma doença prolongada, não foi um sofrimento prolongado, felizmente deus ou o destino, ou la o que seja poupou-o de ficar assim, e de uma certa forma poupou-nos a nós também.
Mas... é alucinante, foi algo que nos foi arrancado a sangue frio.
Sabem o que é cortarem-nos as entranhas sem anestesia?
Não, não sabem!
Não há razão mental que nos faça entender esta tortura.
Não há razão que nos faça arrancar da nossa vida, das nossas emoções, uma vida inteira de um dia para o outro.
Então, enquanto me sentir assim, enquanto a minha filha se sentir assim, nada sai do lugar, a roupa continua no armário, os óculos em cima do computador, a roupa que ia vestir quando voltasse em cima da cadeira, afinal ele só ia dar a sua volta de bicicleta e voltar, dali a 2 horas.
Mas não voltou!
Eu sei que não vai voltar, mas simplesmente não consigo! Ainda não consigo.
E assim fica tudo como está, nesta ilusão a que chamo adaptação,
Ainda me faz bem, ver as coisas dele, sentir o seu cheiro pelo quarto.
Portanto, eu sei que estao cheios de boas intenções, mas precisamos do nosso tempo.
Precisamos sentir está dor, esta raiva, esta injustiça, porque só assim nos vamos mentalizando, nos vamos recompondo.
E até deixar passar este tempo que precisamos, ou simplesmente até chegar um dia de maior lucidez, um dia em que a razão vença a emoção, fica tudo como está.
E esse dia vai chegar... eu sei que vai.

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