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segunda-feira, 23 de junho de 2008

A Cor da Saudade

Era uma vez uma menina que tinha como seu melhor amigo um pássaro encantado. Ele era encantado por duas razões. Primeiro, porque ele não vivia em gaiolas,vivia solto. Vinha quando queria. Vinha porque a amava. Segundo,porque,sempre que voltava,suas penas tinham cores diferentes,as cores dos lugares por onde tinha voado. Certa vez, voltou com penas imaculadamente brancas, e ele contou histórias de montanhas cobertas de neve. Outra vez, suas penas estavam vermelhas, e ele contou histórias de desertos incendiados pelo sol. Era grande a felicidade, quando eles estavam juntos. Mas sempre chegava o momento quando o Pássaro dizia: Tenho de partir. A menina chorava e implorava: -Por favor, não vá. Fico tão triste. Terei saudades. E vou chorar... -Eu também terei saudades, dizia o Pássaro. Eu também vou chorar. Mas vou lhe contar um segredo: eu só sou encantado por causa da saudade. É a tristeza da saudade que faz com que minhas penas fiquem bonitas. Se eu Não for, não haverá saudade. E eu deixarei de ser o pássaro encantado. Você deixará de me amar. E partiu... A menina, sozinha, chorava. E, numa noite de saudade, ela teve uma ideia: Se o pássaro não puder partir, ele ficará. Se ele ficar, seremos felizes para sempre. E, para ele não partir basta que eu o prenda numa gaiola. Assim, a menina comprou uma gaiola de prata, a mais linda. Quando o pássaro voltou, eles se abraçaram; ele contou a ela lindas histórias e adormeceu. A menina, aproveitando-se do seu sono, o engaiolou. Quando o pássaro acordou, deu um grito de dor. -Ah ! menina o que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das histórias. Sem a saudade, o amor irá embora. A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas não foi isso que aconteceu. Caíram as plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas, transformaram-se em um cinzento triste. E veio o silêncio. Deixou de cantar. Também a menina se entristeceu. Não era aquele o pássaro que ela amava. E de noite chorava, pensando naquilo que havia feito ao seu amigo... Até que não mais aguentou. Abriu a porta da gaiola. -Pode ir, pássaro", ela disse. Volte quando você quiser... -Obrigado, menina, disse o pássaro. - Irei e voltarei quando ficar encantado de novo. E você sabe: Ficarei encantado de novo quando a saudade voltar dentro de mim e dentro de você... Quantas vezes, em algum determinado momento, aprisionamos a quem amamos, pensando que estamos fazendo o melhor?
Muitas vezes, deixar livre é uma forma singela de o ver voltar...
Tudo que amo deixo livre... porque, se voltar, é sinal de que o conquistei; se não voltar, é porque nunca me pertenceu.
(autor desconhecido)

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