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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Adeus...

Ali estava eu, naquele dia que mais parecia um pesadelo sem fim.
Depois de tomadas todas as decisões, depois de ter repensado todas as nossas conversas, e perceber que nunca tinhas falado disso, afinal eras saudável, fazias desporto, nada de asneiras alimentares, naaaa irias viver até aos 90 anos, no minimo.
Ninguém acha que vai morrer cedo, sempre achamos que temos tempo para falar disso.
Mas esse dia chegou cedo demais para ti, 57 anos, e a aparência mais saudável do mundo. e de um minuto para o outro, a tua missão neste mundo estava cumprida.
E assim fiz o que o meu coração disse e o que sabia que não gostavas, porque esta dor é sobretudo da nossa filha, e ela é a única que me importa e que quero proteger.
Não há velório a noite inteira, não há padres, não há missa, isso eu e ela é que sabemos!
E sabemos que não gostavas, logo não irias querer.
Cada um despedir-se-ia de ti como sentisse.
E ali estou eu, com a nossa filha nos braços, a ver o seu corpo ser levado para sempre, e assim vindo do nada dos meus lábios, baixinho, sem que eu percebesse bem porquê, ouvi a minha voz:
Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome.
Venha a nós o Vosso Reino.
Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos daí hoje.
Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. 
E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. 
Amén.
Talvez por ter sentido a fé da minha mãe toda a minha vida, ou sei lá que outra força maior, porque sem querer, sem pensar a oração saiu dos meus lábios por entre lagrimas de raiva, amargura e dor, simplesmente rezei...
Adeus Manel.

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