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terça-feira, 9 de outubro de 2018



Mais uma noite mal dormida, mais um sonho agoniante, mais um dormir sem dormir, num desespero total, vi a tua morte, sim que coisa tão estúpida, sem nexo mesmo, só num sonho diabólico.
Chamam-me para reconhecer o teu corpo.
Inerte, ainda quente, teu rosto tão sereno, um choro convulsivo, um grito tortuoso, um nevoeiro envolve-me e nada parece real.
Um funeral, mas o que é isto, que loucura é esta, tenho que estar aqui!
Estão todos aqui, os teus amigos, tantos....
não sabia que tinhas tantos amigos, imensa gente.
Os teus amigos choram como crianças, mas o que é isto, acorda, ouço a minha própria voz ao longe. A tua filha sofre rodeada dos seus amigos, um ar distante desesperante, de uma palidez que nunca vi, num sofrimento que me corrói por dentro, estou tonta, algo inesperado aconteceu, e a minha cabeça dá voltas e voltas, rodopio de um lado para o outro da cama, mas porque não acordo?
Não conheço ninguém, não ouço nada, não há gestos, palavras, nada conforta, nada faz aquela dor e aquele vazio desaparecer, nada acalma esta angústia, esta dor lancinante.
Solto um grito desesperante e com o coração em chamas, finalmente acordo, foi só um sonho, penso, e por segundos, respiro fundo, foi só um sonho.
Mas aquela letargia passa, e o despertar chega, repentino como um trovão, foi um sonho hoje.
Mas... Já vivi tudo isto.
Não foi um sonho!
Agora consciente acordo para a realidade cruel, foi um sonho hoje. Mas tudo isto foi real.
Tudo isto aconteceu… um ano, há um ano que te foste.
 E hoje, numa partida estúpida e horrível da minha cabeça, revivo toda aquela dor e angústia daquele trágico dia, toda a incompreensão e raiva todo o vazio que ficou, voltou a ser real, voltou a ser vivido nesta partida do pensamento do inconsciente, quem sabe lá bem no fundo de um desejo secreto que não fosse verdade.
Sim! Foi verdade!
Mas hoje, hoje foi apenas um sonho.

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